quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A PIOR DAS ESCRAVIDÕES

Há diversas formas de escravidão... muito se comenta sobre o modelo escravista do período colonial-imperial e até se estende o termo para uma escravidão do povo estabelecida pelos governantes autoritários... Todavia, há um tipo mais sutil, contudo não menos devastador, de escravidão: quando se é escravo de seus próprios paradigmas.
Paradigmas são conceituados como o conjunto de verdades que são aceitas por determinado grupo social ou indivíduo num determinado período histórico.
Toda essa introdução é para contextualizar que o indivíduo pode ser escravo dele mesmo. As correntes às quais Rousseau faz referência na célebre frase que constitui a postagem anterior comportam muito mais do que o significado puramente material do termo... as idéias, em certas ocasiões, mais aprisionam do que libertam.
O fato é que, e isso é mais importante, os homens muitas vezes se apegam tanto a uma idéia que não percebem quando ela se torna ultrapassada no tempo, ofensiva no conteúdo e violadora do direito alheio de ser respeitado... em outras palavras, mais precisamente nos termos de Karl Marx, o homem se aliena.
Não há escravidão pior neste mundo do que a alienação. O indivíduo é livre a priori, mas prefere manter-se escravo do senso comum, da tradição, do argumento panfletário, dos discursos demagogos, das ilusões de modo geral, seja porque é mais fácil viver assim, seja porque ele quer que a vida se torne mais fácil assim. E o que é pior, os alienados defendem com todos os recursos possíveis (argumentos orais, livros, jornais, revistas, internet, etc) suas idéias como se estas fossem, não ilusão, mas a própria verdade. E eles transmitem a sua escravidão para outros, que aceitam passivamente como bichinhos adestrados argumentos de autoridade que na verdade de nada valem. Tornam-se títeres, verdadeiros brinquedinhos, absolutos escravos ideológicos nas mãos de outros escravizados.
Mas a liberdade é possível, apesar de não ser fácil conquistá-la. A questão é que não se pode escolher o caminho mais fácil só porque ele é mais fácil... quase sempre ele guarda as chamadas armadilhas ideológicas, prisões da alma, da mente e do espírito de dignidade e precisamos estar preparados para elas...

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